sábado, 20 de setembro de 2014

Retransmissoras de TV recrutam famílias para guardar lugar em fila


Cotidiano


 Acampamento montado ao lado da Anatel em Recife



#COMENTÁRIO

Uma cena destas é possível em algum outro lugar do mundo? Só neste Brasil contrastante de diversidade enorme de modos e pensamentos é que é possível ver pessoas se sujeitarem a passar desconforto sem se preocuparem com a exposição de uma visão pobre da vida que levam.
Essa disponibilidade por pouca coisa é que é muito explorada pelos empresários. Certamente R$600,00 pode representar um dinheiro caído do céu para elas, mas elas não avaliam o custo benefício para o contratante, não conseguem enxergar que são extorquidas. O custo hora é irrelevante, é insignificante para o benefício que trará ao contratante. Chega a ser injusto.
Mas se analisarmos friamente, pessoas passam a vida à espera de uma oportunidade dessas para levantar um dinheirinho, não se preocupam em construir algo sólido para sua vida e dos seus. Que dizer então quando elas se sujeitam a esse tipo de coisas, conscientemente, sem qualquer sentimento de incapacidade de luta, sem vergonha...

#Disse

Carlos Leonardo



#CONVITE

Como ver isso? Que fazer por essas pessoas?

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DANIEL CARVALHO - DO RECIFE - 20/09/2014 

Um grupo de famílias desempregadas da periferia do Recife foi recrutado para guardar lugar numa fila em frente ao escritório da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) do Recife.
Acampadas desde o dia 12 passado numa rua da zona sul, elas ficarão lá até o início da semana que vem, em barracas e sobre papelões espalhados pelo chão.
O inusitado é que essas cerca de 50 pessoas não estão na fila à espera de um show ou de uma senha para atendimento em hospital público.
Elas foram contratadas por retransmissoras, empresas que apenas transmitem o conteúdo produzido pelas emissoras de televisão.
Essas empresa, geralmente com sede em pequenos municípios, são de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Sergipe e agora buscam autorização para atuar. Segundo o Ministério das Comunicações, algumas funcionam hoje sem essa permissão.
E elas somente serão recebidas no escritório da Anatel do Recife se pegarem uma senha na segunda-feira (22).
Por isso contrataram esses "guardadores de lugar".
"O pessoal aqui [acampado] não sabe que TV está representando", afirma João Sales, que afirmou ter sido contratado por uma assessoria de imprensa de São Paulo para recrutar os acampados e garantir o funcionamento dessa fila.
Ele afirmou não ser capaz de identificar a empresa que o contratou.
Nos seis primeiros dias, as famílias ficaram dia e noite instaladas em 15 barracas de camping, nos quais o papelão faz as vezes de colchão. Desde quinta (18), após acordo com a prefeitura, as barracas só podem ser armadas das 22h às 5h.
Durante o dia, cadeiras de plástico com toalhas e roupas guardam o lugar. A prefeitura diz não haver problema na ocupação, pois pedestres podem transitar pelo local.
No acampamento organizado com cones e faixa de segurança, poucos aceitaram dar entrevista. Quando a dona de casa Ana Lúcia Ferreira, 55, conversava com a Folha na tarde de quinta, foi alertada por um adolescente a não mais prosseguir.
Todos os acampados recebem cinco refeições diárias em quentinhas de alumínio, e há um banheiro químico e uma casa de apoio alugada para que tomem banho. Um pequeno gerador foi instalado sob uma mesa de plástico para recarregar celulares.
Cada um tem a promessa de receber R$ 600 pelo plantão. Mas o dinheiro só chegará na semana que vem.

"Tu acha que, se a gente já tivesse recebido, ainda estaria aqui?", questionou a dona de casa Maria da Silva, 76.

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